A dor de cabeça, também chamada de cefaleia, é uma das queixas mais comuns na prática médica, sendo considerada o motivo primordial das consultas em neurologia. Além de ser um sintoma extremamente prevalente, ocorrendo em até 93% dos homens e 99% das mulheres ao longo da vida, a cefaleia é descrita como uma das principais causas mundiais de incapacidade, caracterizando a segunda principal causa de anos vividos com incapacidade. Atualmente, existem mais de 200 tipos de dores de cabeça, cuja classificação e diagnóstico correto contribui de maneira substancial ao tratamento, que é individualizado para cada tipo.
A enxaqueca, assim como a cefaleia do tipo tensão e a cefaleia em salvas, é considerada um dos tipos de dores de cabeça mais comuns, afetando mais de 2 milhões de pessoas ao ano. No Brasil, a prevalência média de cefaleia é de 70,6%, constituída, em sua maior parte, por indivíduos do sexo feminino. Estimativas de prevalência entre os sexos variam entre os tipos de cefaleia. Segundo estudos de abrangência nacional, a enxaqueca, cuja prevalência é de 15,8% da população brasileira, costuma ser mais prevalente no sexo feminino, enquanto que a cefaleia do tipo tensão, responsável por uma prevalência de 29,5%, é habitualmente mais prevalente no sexo masculino.
Nos últimos anos, as repercussões social e econômica atribuíveis a esse sintoma têm sido cada vez mais reconhecida, juntamente com a extensão de suas contribuições para problemas de saúde globais. A cefaleia, em especial a enxaqueca, está associada a uma carga considerável ao indivíduo, levando-o a prejuízos na qualidade de vida e maior vulnerabilidade a comorbidades, como ansiedade e depressão, e perda considerável para a sociedade devido à redução da produtividade do trabalho, proporcionando um potencial impacto econômico negativo no país.
O diagnóstico das cefaleias, apesar de iminentemente clínico, pode ser difícil e necessitar de uma abordagem estruturada em todos os seus aspectos. Embora a anamnese e exame físico sejam elementos cruciais ao diagnóstico, em casos selecionados, em especial aqueles que apresentam o que chamamos de sinais de alarme, pode haver a necessidade da solicitação de exames complementares de imagem ou mesmo laboratoriais, incluindo análise do líquor.
As dores de cabeça podem ser classificadas em primárias ou secundárias. As cefaleias primárias são aquelas que o sintoma é a própria doença e, embora muitas possam ser debilitantes, a maioria não oferece risco à vida do paciente. Os tipos mais comuns são: enxaqueca, cefaleia do tipo tensão, cefaleia em salvas e cefaleia crônica diária. Já as cefaleias secundárias são causadas por outras doenças, sendo as mais comuns: acidente vascular cerebral, tumores de sistema nervoso central, trombose venosa cerebral, ruptura de aneurisma, aumento da pressão intracraniana.
É de suma importância diferenciar os quadros de cefaleia de origem primária daqueles de origem secun¬dária, cuja conduta será guiada pela desordem subjacente ao sintoma. Uma vez identificado o tipo de cefaleia, o trata¬mento deve ser direcionado, quando possível, à cau¬sa, e o paciente deve ser acompanhado, considerando a eficácia das medidas de tratamento. O médico especialista em dor é o profissional capaz de oferecer o melhor acompanhamento e tratamento possível direcionado ao tipo de cefaleia para cada paciente.
Referências: